sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Aos Certinhos, meu desprezo

Eu tenho medo de gente certinha, medo não pavor!
Gente certinha não é confiável, parece que estão sempre programados para ajudar, parecem sempre esperar alguma boa oportunidade de dar o bote. Gente certinha tem sempre aquele ar de superioridade, espera nossa queda e numa dissimulada solidariedade diz: - eu bem que te avisei.
Não, definitivamente não gosto de gente certinha, boazinha, que estão sempre com sorriso no rosto. Pra mim gente assim são como aqueles psicopatas típicos da novela das 8.
Gosto de pessoas que ficam mau humoradas, daquelas que acordam com o pé esquerdo, das que brigam, xingam, choram e são egoístas.
Gosto de quem dá patada, que dá fora, bate a porta e sai prometendo nunca mais voltar. Gosto de gente normal que as vezes não está disposta a te ouvir, não porque não gosta da gente , mas porque também tem problemas.
Gosto de gente assim porque gente assim é capaz de se arrepender, pedir desculpas, descer do salto e reconhecer que errou e que foi rude, que não foi amigo, que falhou.
Gente certinha não tem tempo pra isso, só em servir, só em acertar e sorrir.
Quem sempre acerta não precisa consertar nada, se tornam esnobes, arrogantes e eu sinceramente não gosto. Eu gosto de gente que não está preocupada em parecer, gosto de quem é o que é e doa quem doer. Gosto de quem representa seu próprio papel , sem ensaio, sem dublê, seu único objetivo é ser seu próprio personagem. Não sou certinha, nunca fui e nem pretendo ser, sou imperfeita e um péssimo exemplo a ser seguido, mas se tem alguma coisa que sei fazer como ninguém, é pedir desculpas quando erro, é não precisar que me aponte onde errei. Eu vejo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amém


Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O rélogio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade...]
[nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade]
[no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendes de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
Agente só nunca sabe... que coisas são essas.


~ O Teatro Mágico